Situação de Aprendizagem 1

O Processo de Desnaturalização ou estranhamento da Realidade de Aprendizagem 1

1 Bimestre

O processo de Desnaturalização ou Estranhamento da Realidade
 

Estranhamento e Desnaturalização da Realidade

 
Estranhamento
 
Estranhamento é o ato de estranhar no sentido de admiração, de espanto diante de algo que não se conhece ou que não se espera; por achar estranho, ao perceber alguém ou algo diferente do que se conhece ou do que seria de se esperar que acontecesse daquela forma; por surpreender-se, assombrar-se em função do desconhecimento de algo que acontecia há muito tempo; por sentir-se incomodado diante de um fato novo ou de uma nova realidade; por não se conformar com alguma coisa ou com a situação em que se vive; não se acomodar, rejeitar.
Estranhar, portanto, é espantar-se, é não achar normal, não se conformar, ter uma sensação de insatisfação perante fatos novos ou do desconhecimento de situações e de explicações que não se conhecia. Estranhamento é espanto, relutância, resistência. Estranhamento é uma sensação de incômodo, mas agradável incômodo, vontade de saber mais e entender mais, sendo, pois, uma forma superior de duvidar.
Problematizar um fenômeno social é fazer perguntas com o objetivo de conhecê-lo: “- Por que isso ocorre?” “- Sempre foi assim?” “- É algo que só existe agora?” Por exemplo: quando hoje estamos frente à questão da violência, devemos perguntar: “- Houve violência em todas as sociedades? Como era a violência na antiguidade? Em outros países, há a violência que vemos em nosso cotidiano? Há um só tipo de violência? Quais as razões para tais e quais tipos de violência?”
Estranhar situações conhecidas, inclusive aquelas que fazem parte da experiência de vida do observador, é uma condição necessária às Ciências Sociais para ultrapassar, ir além, das interpretações marcadas pelo senso comum.
 
Desnaturalização
 
É muito comum no nosso cotidiano ouvirmos a expressão: “- Isso é natural.” Esta expressão nos remete à ideia de algo que sempre foi, é ou será da mesma forma, imutável no tempo e no espaço. Em consequência, é por isso que também ouvimos expressões como: “- É natural que exista a desigualdade social, pobres sempre existirão.”
Assim, as pessoas manifestam o entendimento de que os fenômenos sociais são de origem natural, nem lhes passando pela cabeça que tais fenômenos são, na verdade, constituídos socialmente, isto é, historicamente produzidos, resultado das relações sociais.
Para desfazer esse entendimento imediato, um papel central que o pensamento sociológico realiza é a desnaturalização das explicações dos fenômenos sociais. Há uma tendência sempre recorrente de se explicarem as relações sociais, as instituições, os modos de vida, as ações humanas, coletivas ou individuais, a estrutura social, a organização política com argumentos naturalizadores. Primeiro, perde-se de vista a historicidade desses fenômenos, isto é, que nem sempre foram assim; segundo, que certas mudanças ou continuidades históricas decorrem de decisões, e essas, de interesses, ou seja, de razões objetivas e humanas, não sendo fruto de tendências naturais.
Procurando fazer uma ponte entre estranhamento e desnaturalização, pode-se afirmar que a vida em sociedade é dinâmica, em constante transformação; constitui-se de uma multiplicidade de relações sociais que revelam as mediações e as contradições da realidade objetiva de um período histórico.
Nesse sentido, a superação do senso comum para uma análise mais crítica e criteriosa da sociedade é um dos objetivos da sociologia no ensino médio: propiciar aos jovens o exame de situações que fazem parte do seu dia a dia de modo mais investigativo. Superar a aparência imediata e despertar no aluno a sensibilidade para perceber que o mundo a sua volta é resultado da atividade humana e, por isso mesmo, passível de ser modificado.
 
Referência bibliográfica:
MORAES, Amaury César. (Coord.) Sociologia: ensino médio. Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.

 

Situação de Aprendizagem 2

O Homem é um Ser Social

O Homem como ser Social

 
A Sociedade dos Indivíduos 
 
O que vem primeiro, o indivíduo ou a sociedade? Os indivíduos moldam a sociedade ou a sociedade molda os indivíduos?
Em poucas palavras, podemos dizer que indivíduos e sociedade fazem parte da mesma história, escrita pelas Relações Sociais. Não há separação entre eles.
 
O Fato de precisarmos uns dos outros significa que não temos autonomia? Até que ponto dispomos de liberdade para decidir e agir? Até que ponto somos condicionados pela sociedade? A sociedade nos obriga a ser o que não queremos? E nós, podemos mudar a sociedade?
 
Para estudarmos estas e outras questões analisaremos mais a fundo essa unidade de nossos estudos.

Os indivíduos, sua história e a sociedade


Nas diversas formas de sociedade percebemos que só na modernidade a noção de indivíduo ganhou relevância, pouco valor se dava à pessoa única na antiguidade. A importância do indivíduo estava inserida no grupo a quem pertencia (família, Estado, clã, etc.), apesar das diferenças naturais entre os indivíduos, não havia se quer a hipótese de pensar em alguém desvinculado de seu grupo. 

No século XVI, com a Revolução Protestante, o ser humano passa a ter "domínio e poder" próprio  no século XVIII o capitalismo e o pensamento liberal contibui colocando a felicidade humana no centro das atenções, não se tratava de felicidade como um todo, mas de sua expressão material (ser proprietário de bens, de dinheiro, ou apenas de seu trabalho).

Mas como indivíduos e sociedade se tornaram uma só engrenagem?
Um conceito importante para investigar essa questão é o Processo de Socialização, que começa pela família, passa pela escola, passa pelos meios de comunicação, pelo convívio com a comunidade do bairro, da igreja, do clube ou das festas populares e etc.
 
O Homem é um ser social


O homem é um ser social que se encontra inserido em um conjunto de redes sociais mais amplas (família, amigos, comunidade religiosa, vizinhança, colegas de trabalho, etc.) Inserido nesses grupos sociais, adquire sua identidade enquanto ser humano e os meios fundamentais para a sua sobrevivência.
 

 

Situação de Aprendizagem 3

A Sociologia e o Trabalho do Sociólogo

O Trabalho do Sociólogo

O campo de trabalho do engenheiro civil é a obra, é a construção. O campo de trabalho do professor é a sala de aula; o do médico é o consultório, ambulatório, hospital; o do cantor é o palco; o do artista plástico é o atelier; enfim, cada profissional resume o seu tempo de efetivo trabalho às horas em que está desempenhando as funções inerentes à sua formação.

E o Sociólogo? Onde está o seu campo de trabalho?...

Ora, desde que acorda, o Sociólogo entra em contato com o seu campo de trabalho e ao mirar-se no espelho vê um dos seus objetos de pesquisa. O Sociólogo é o pesquisador que, ao mesmo tempo, é o seu próprio objeto de pesquisa: eis o diferencial que faz do Sociólogo o profissional que não distingue o seu efetivo labor dos diversos papéis que o Ser Humano representa no seu dia-a-dia como ator social. Enquanto chefe de família, no seio do seu lar, o(a) Sociólogo(a) exerce as suas funções como um profissional de fato. Durante um rito religioso, o(a) Sociólogo(a) não é um fiel como os demais, pois o seu olhar tem um veio fatídico. Na prática do esporte, o(a) Sociólogo(a) busca em si e no outro o porquê da repetição daquele erro ou acerto. Na empresa para a qual presta consultoria, o(a) Sociólogo(a) não se limita a analisar situações a partir do que lhe foi solicitado, pois, apesar de não ser percebido, o seu olhar é crítico e percorre os ambientes a 360 graus, identificando seres inanimados, mas, principalmente, procurando pessoas, seus gestos, movimentos, suas falas, interrelações, sua cultura.

O profissional das Ciências Sociais (Antropólogo, Cientista Político, Sociólogo) é um produtor incessante de argumentos (dialéticos, compreensivos ou analíticos) resultantes da observação dos efeitos dos conflitos, ações e fatos sociais. Para ilustrar, basta lembrar que, num simples diálogo ocorrido na esquina, no restaurante, no mercado, na igreja, na praia, na escola, em casa ou no trabalho, a(o) Socióloga(o) modifica a realidade da pessoa com quem ela(e) conversa. O discurso positivo enleva o ouvinte na medida em que conjuga atitudes que valorizam a coletividade local e incentivam a troca de conhecimentos. Portanto, o Sociólogo produz a todo momento, desde que se pronuncie de forma justa e ética.

Imagine, agora, uma grande área de relva tenra (grama nova), pontilhado de arvoredos e cortado sinuosamente por um rio de águas límpidas, sobre o qual se vê uma pequena ponte romana que dá acesso a uma singela, porém bonita casa. Mas algo está errado nesse lugar... não se vêem pessoas. A sua curiosidade sociológica dirige seu olhar para aquela casa, ao longe, querendo revelar como vivem seus integrantes, como se relacionam entre si e com aquele ambiente.

Ah! Se a todo e qualquer lugar aonde vai o(a) Sociólogo(a), este(a) desempenha o seu papel como tal, durante 24 horas por dia, então é o mundo o campo de trabalho do(a) Sociólogo(a); e a vida humana, o seu objeto geral de pesquisa.

São as Teorias Sociológicas que nos permitem interpretar situações como a imaginada há pouco. Teorias Sociológicas nos ajudam a compreender melhor a sociedade em que vivemos e fornecem elementos para a nossa ação prática, que pode levar a mudanças sociais e ao nosso engajamento em movimentos políticos.

Para Karl Marx, economista e Sociólogo alemão, o objeto da sociologia é a luta de classe, em que uma minoria (burguesia) sobrepõe-se a uma maioria (proletariado).
Para Max Weber, Sociólogo alemão, o objeto da sociologia é a ação social, quando os indivíduos orientam-se através das ações dos demais atores sociais.

Para Èmile Durkheim, fundador da Escola de Sociologia francesa, o objeto de estudo da Sociologia são os fatos sociais, ou seja, as regras impostas pela sociedade: leis, normas e costumes, que são passados de geração a geração.

Nos dias atuais, início do terceiro milênio, pesquisar o mercado, mídia e opinião; assessorar governos através de pesquisas sociais, meio-ambiente, processos excludentes, planejamento urbanístico, violência, política científica; assessorar sindicatos, trabalhadores rurais e ONG's por intermédio de intervenções sociais; dar suporte a partidos políticos e empresas, principalmente na parte de desenvolvimento social, relações de trabalho e mediação de conflitos constituem as principais oportunidades de trabalho para o Sociólogo. Mas o topo desta lista está sendo ocupado, em curva ascendente, pelo Licenciado em Sociologia, que pode lecionar nos cursos do ensino Médio e pelo Mestre ou Doutor em Ciências Sociais, habilitado para ministrar aulas e/ou coordenar cursos no ensino superior, além de realizar pesquisas de alto nível em universidades.

Sociólogo(a)s! Temos uma missão muitíssimo importante: dar manutenção à Sociedade, de forma que ela caminhe em ordem e em evolução constante.

Muito obrigado por terem emprestado seus tímpanos a este simplório e curto pronunciamento.